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Amargura de um santo
Tuesday, August 17, 2004
AMARGURAS DE UM SANTO
Uma passagem muito interessante que deve ser refletida e estudada com todo carinho. É a história de um padre católico que virou santo, serve para estudar nosso comportamento, quando evocamos entes queridos que já partiram para o Mundo Maior, para que venham nos ajudar em problemas diversos de nosso dia a dia.
E para pensarmos e responder: o que será que acontece com pessoas famosas que nos deixam e onde todos ficam venerando estes dia e noite, como jogador de futebol, cantores, pilotos de carros de corrida, etc ... Será que eles ficam em paz do outro lado sem dar a mínima para centenas de milhares de nossos chamamentos ... Acho que não é bem assim ...
Vale a pena ser lido até o fim, estudado, entendido, discutido... Afinal estamos aqui para aprender...
Depois de ler e tentar entender este importante fato aqui narrado, que para mim, sinceramente, era despercebido, chego a conclusão, que não quero ser famoso e lembrado após minha morte, claro a não ser com muito gosto, em um momento onde se vai fazer o Evangelho de Jesus Cristo e mentalmente me convidarem para participar, seria uma grande honra para mim. Mas de outra forma não, prefiro que me esqueceçam.
Uma dica de como estudar: Esquece todos os "não acredito e pronto", não deixe aquele homem velho viver dentro de você, como disse Paulo de Tarso. Quando estudar este texto só aceite aquilo que realmente te convencer dentro da sua razão, adote sempre o conceito de Allan Kardec para estudar - "É preferível não aceitar dez verdades do que uma mentira."
Estude profundamente o relatado aqui, dentro de toda sua razão e veja se encontra alguma mentira e prove estas ... assim você aprenderá ... não deixe passar em branco este momento ...
Tirado do livro "Reportagens do Além-Túmulo" (Francisco Cândido Xavier), escrito pelo Espirito de Humberto de Campos, a quem queremos deixar nossos sinceros agradecementos por tantos ensinamentos.
=========================================================================== alvaroluiz2@yahoo.com.br============================================================================
AMARGURAS DE UM SANTO
Falava-se numa roda espiritual da melhor maneira de cultivar a prece, quando um amigo contou a vida de um ex-padre católico, e, com o sorriso da bonança que sempre surge depois das grandes desilusões, acrescentou em tom amistoso:
- É razoável que os homens do mundo não interrompam as tradições afetuosas com aqueles que os precedem na jornada silenciosa do túmulo, conservando nas almas a mesma disposição de ternura e de agradecimento, na recordação dos que partiram. Entretanto, no Capitulo das rogativas, das solicitações, dos empenhos, convém que toda criatura se dirija a Deus, ciente de que a sua vontade soberana é sempre justa e de que a sua inesgotável bondade se manifestará, de um ou do outra modo, através dos mensageiros que julgue conveniente nos fins colimados. Em minhas experiências nas esferas mais próximas do Planeta, sempre reconheci que os Espíritos mais homenageados na Terra são os que mais sofrem, em virtude da pouca prudência dos seus amigos.
Alias, neste particular, temos o exemplo doloroso dos santos. Sabemos que raros homens canonizados pela igreja humana chegaram, de fato, à montanha alcantilada e luminosa da Virtude. E essas pobres criaturas pagam caro, na Espiritualidade, o incenso perfumoso das glórias de um altar terrestre.
A palestra tomava um caráter dos mais interessantes, quando o mesmo amigo perguntou de repente, depois de urna pausa:
- Vocês conhecem a história de São Domingos González?
E enquanto os presentes se entreolhavam mudos, em íntima interrogação, continuou:
- Domingos González era um padre insinuante, dotado de poderosa e aguçada inteligência. Sua carreira sacerdotal, dado o seu caráter flexível, foi um grande vôo para as posições mais importantes e elevadas. Dominava todos os companheiros pelo poder do sua palavra quente e persuasiva, cativava a atenção do todos as seus superiores pela humildade exterior de que dava testemunho, embora sua vida intima estivesse cheia do penosas deslizes.
A verdade é que, lá pelos fins do século XV, era ele o Inquisidor-Geral do Aragão; mas, tal foi o seu método condenável de ação no elevado cargo que lhe fora conferido, que, por volta do 1485, os israelitas o assassinaram na catedral do Saragoça, em momento de sagradas celebrações.
0 nosso biografado acordou, no além-túmulo, com as suas chagas dolorosas, dentro das terríveis realidades que lhe aguardavam o Espirito imprevidente; mas, os eclesiásticos concordaram em pleitear-lhe um lugar do destaque nos altares humanos e venceram a causa.
Em breve tempo, a memória do Domingos transformava-se no culto de um santo. Mas, aí, agravaram-se as coisas no plano invisível, os tormentos daquela alma desventurada. Envergonhado e oprimido, o ex-padre influente do mundo sentia-se qual mendigo faminto e coberto de pústulas. Nós, porém, sabemos que as recordações pesadas do Planeta são como forças invencíveis que nos prendem à superfície da Terra, e o infeliz companheiro foi obrigado a comparecer, embora invisível aos olhos mortais, a todas as cerimônias religiosas que se verificaram na instituição do sou culto. Domingos González, assombrado com as acusações da própria consciência, assistiu a todas as solenidades da sua canonização, sentindo-se o mais desgraçado dos seres. As pampas do acontecimento eram como espadas intangíveis que lhe atravessassem, de lado a lado, o coração vencido e sofredor. Os cânticos de glorificação terrena ecoavam-Ihe no Intimo como soluços da sombra e da amargura.
E, desde essa hora, intensificaram-se-lhe os padecimentos.
Sua angústia agravou-se, primeiramente, em virtude da nova posição do círculo familiar. Os que lhe eram afins pelo sangue entenderam que não mais deviam o tributo comum do trabalho e realização ao mundo. Como parentes do um santo, não mais quiseram trabalhar. E essa atitude se estendeu aos seus mais antigos companheiros de comunidade. Os poucos valores da agremiação religiosa, a que pertencera, desapareceram. Seus colegas de esforço estacionaram voluntariamente na preguiça criminosa e no hábito das homenagens sucessivas. O grupo havia produzido um santo: devia ser o bastante para garantia do uma posição definitiva no Céu.
O Espirito infeliz contemplava semelhante situação, banhado em lágrimas expiatórias. E o seu martírio continuou.
Sabemos que um apelo da Terra é recebido em nosso meio, tão logo seja expedido por um coração que se debata nas lutas redentoras do mundo. Se o serviço postal do orbe pode estar sujeito aos erros de administração, ou à má-vontade do um estafeta, desviando do seu
destino uma mensagem, no plano espiritual não se verificam semelhantes perturbações. A solicitação justa ou injusta dos homens vem ter conosco pelos fios do pensamento, na divina claridade do magnetismo universal (fluido universal). E Domingos começou a receber os pedidos mais imprudentes dos seus numerosos devotos.
A alma desventurada ficou absolutamente presa à Terra e, de instante a instante, era obrigada a atender aos apelos mais extravagantes o mais absurdos.
Se um criminoso desejava fugir à ação da justiça no mundo, valia-se do Domingos, invocando-lhe a memória, entre receios e rogativas. As mães. desassisadas, que não cogitaram da educação dos filhos, em pequeninos, lhe rogavam de joelhos a correção tardia desses filhos transviados em maus caminhos. Os velhacos lhe faziam promessas, a fim do realizarem um bom negócio. As moças casadouras lhe imploravam a aliança do noivo rebelde e arredio. Os sacerdotes pediam-lhe a atenção dos superiores. E, finalmente, todos os sofredores sem consciência lhe suplicavam o afastamento da cruz de provações que lhes era indispensável.
Chumbado ao mundo, Domingos, durante mais do um século, perambulou pelas casas dos devotos, pelas estradas desertas, pelos círculos de negócios, pelos covis dos bandidos.
Seu aspecto fazia pena.
Foi quando, então, dirigiu a Jesus a súplica mais fervorosa de sua vida espiritual, implorando que lhe permitisse voltar à Terra, a fim do esconder no esquecimento da carne as suas enormes desditas. Queria fugir do plano invisível, detestava o titulo do santo, aborrecia todas as homenagens, atormentava-o o altar do mundo. Suas lágrimas eram amargas e comovedoras, e o Senhor, como sempre, não lhe faltou com a bondado infinita.
Assim como um grupo do amigos influentes procura colocação para o homem desempregado e aflito no mundo, alguns companheiros dedicados vieram oferecer ao pobre Espírito sofredor uma reencarnação como escravo, no Brasil.
Domingos González ficou radiante. Chorou de júbilo, de agradecimento a Jesus e, em breve tempo, tomava a vestimenta escura dos cativos, sentindo-se ditoso e confortado, cheio de alegria o reconhecimento.
O nosso amigo fazia uma pausa na sua narrativa. Estávamos, porém, altamente interessados e eu perguntei:
- E o santo está hoje nos planos mais elevados da Espiritualidade ? Seria extremamente curiosa a palavra direta de sua desilusão e de sua experiência valiosa...
- Não, ainda não - explicou o narrador, com ar discreto. - Domingos tem vivido sucessivamente no Brasil e, ainda hoje, continua, aí, a esforçar-se pela sua redenção espiritual, guardando instintivamente o mais terrível receio de chegar às esferas invisíveis com o título de santidade.
.....
E nesse dia, impressionado com a história daquela amarga experiência, não pude retirar da imaginação aquele santo que trocara os incensos do altar pela atmosfera nauseante de uma senzala do cativeiro.
alvaroluiz2@yahoo.com.br
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